quinta-feira, 6 de dezembro de 2012






Procura
Martha Marquez de Andrade


Mais uma noite se finda e as inúmeras estrelas que cintilavam no firmamento, ao nascer de um novo dia, ocultam-se também. O alvorecer de um novo dia causa-me um fascínio estonteante. É primavera, a mais bela das estações.

No céu, agora claro, começam a surgir pequenas nuvens semelhantes a flocos de algodão que se movem de mansinho. O soprar da brisa suave dá-me a impressão de entoar baixinho uma maviosa cantiga de amor, como se pudessem perceber as notas bailando ao vento.

Daqui, do meu quarto, de uma das duas frestas que existem nas janelas, posso avistar o nascente e perceber que por detrás destas escassas nuvens, vem despontando, esplêndido e imponente, o Sol, rei dos reis.

À priori, me parece pequeno, mas, surpreende com todo seu esplendor. E, aos poucos, seus raios multicores vão tomando maior forma e beleza e, assim, se tornando cada vez mais intenso, penetrante e forte. A intensidade de seus raios é tão imensa quanto ele próprio e faz com que a temperatura aumente. Tanto lá fora, além da fresta, como aqui no meu peito, o calor é intenso.

No instante seguinte, seus raios conseguem ultrapassar uma das frestas da minha janela e invadir o meu singelo aconchego. Intimamente, acho-os atrevidos... Mas logo sinto como se fôssemos dois cúmplices. Estes raios, ao me acariciarem a pele e o corpo quentes, parecem me fazer um carinho despretensioso, ao pressentir o que se passa em meu íntimo. Inquieta, rolo nos lençóis macios e sedosos e minhas mãos buscam outras mãos, numa vã tentativa. Quero gritar um nome, mas o grito se retém na garganta. Passo a mão pelos meus cabelos afastando-os dos olhos, como se, com este gesto pudesse também desviar os pensamentos. Mas é inútil. Essa busca de encontrar você é persistente, meio incerta, mas não me faz recuar.

O tempo passa e essa imagem não abandona minha mente. As horas voam e eu permaneço ali, sem que nada interrompa meu encanto.

O calor já não é tão forte, pois começa a entardecer e sinto no ar, aquele agradável aroma de terra molhada. Aproximo-me então, da outra fresta e abro a segunda janela, que dá para o poente. Gotículas de um passageiro chuvisqueiro chegam a respingar em minha face. Ergo meus olhos mais para o alto, na direção do horizonte e sinto todo meu corpo vibrar diante de tanta emoção, ao avistar o meu tão sonhado arco-íris!

Minha emoção é maior ainda, ao defrontar-me com uma pombinha que se esconde do chuvisqueiro, no parapeito da minha janela. Alva e graciosa, quase chego a roçá-la.

Enfim, me encontro em paz, como em “estado de graça”. Todo meu corpo parece estar em perfeito equilíbrio e minha mente e coração em sintonia com Deus.

Estou feliz, mas, não completa. Realizada, só com sua presença em minha vida e seu corpo em meu regaço.

2 comentários:


  1. Olá,

    Estou vindo da Martha.
    O texto é lindo e envolvente.
    Parabéns a ela pela emoção e sensibilidade que passa com suas palavras.
    Foi um prazer lê-la aqui.

    Beijo.

    ResponderExcluir
  2. Minha irmã adorada,
    Estou muito honrada em estar em seu cantinho tão especial.
    Minha emoção é muito grande.
    Beijos carinhoso,
    Martha

    ResponderExcluir

"Dê a quem você ama: asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar." (Dalai Lama)