terça-feira, 27 de novembro de 2012


A OBSESSÃO PELO PODER

Estamos obcecados com "o melhor".

Não sei quando foi que começou essa mania, mas hoje só queremos saber do "melhor".

Tem que ser o melhor computador, o melhor carro, o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho.

Bom não basta.

O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes, porque, afinal, estamos com "o melhor".

Isso até que outro "melhor" apareça e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer.
Novas marcas surgem a todo instante.

Novas possibilidades também. E o que era melhor, de repente, nos parece superado, modesto, aquém do que podemos ter.

O que acontece, quando só queremos o melhor, é que passamos a viver inquietos, numa espécie de insatisfação permanente, num eterno desassossego.

Não desfrutamos do que temos ou conquistamos, porque estamos de olho no que falta conquistar ou ter.

Cada comercial na TV nos convence de que merecemos ter mais do que temos.

Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os outros (ah, os outros...) estão vivendo melhor, comprando melhor, amando melhor, ganhando melhores salários.

Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás, de preferência com o melhor tênis.

Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos. Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente.

Se não dirijo a 140, preciso realmente de um carro com tanta potência?

Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que subir na empresa e assumir o cargo de chefia que vai me matar de estresse porque é o melhor cargo da empresa?

E aquela TV de não sei quantas polegadas que acabou com o espaço do meu quarto?

O restaurante onde sinto saudades da comida de casa e vou porque tem o "melhor chef"?

Aquele xampu que usei durante anos tem que ser aposentado porque agora existe um melhor e dez vezes mais caro?

O cabeleireiro do meu bairro tem mesmo que ser trocado pelo "melhor cabeleireiro"?

Tenho pensado no quanto essa busca permanente do melhor tem nos deixados ansiosos e nos impedido de desfrutar o "bom" que já temos.

A casa que é pequena, mas nos acolhe.

O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria.

A TV que está velha, mas nunca deu defeito.

O homem que tem defeitos (como nós), mas nos faz mais felizes do que os homens"perfeitos".

As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu, mas vai me dar à chance de estar perto de quem amo...

O rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas das histórias que me constituem.

O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e sente prazer.

Será que a gente precisa mesmo de mais do que isso?

Ou será que isso já é o melhor e na busca do "melhor" a gente nem percebeu?

                                                    Leila Ferreira(jornalista mineira)
                                                           

           

"Fantástico esse artigo...
Com que propriedade Leila Ferreira mostra o quanto as pessoas estão infelizes...
São muitos os caminhos que nos mostram as coisas de real valor em nossas vidas...
Geralmente é através da dor, quando ela visita nossos corações nos sensibilizando profunda e definitivamente...
Como é abençoada a oportunidade de compreender o quanto somos impotentes frente a inúmeras circunstâncias.
Quando perdemos de forma inrreversível...pessoas amadas, a juventude, o vigor...estamos perdendo e mudando...
Se as perdas fazem parte dos nossos dias porque então perder tanto tempo com vaidades inúteis?
Tenho duas tvs...pequenas.
Uma delas tem 30 anos e a outra uns 15 anos e isto me basta...nunca foram para o concerto.
Não tenho carro...caminho, e quando preciso pego carona ou taxi.
Minha cabeleireira é minha amiga.
No meu trabalho sou uma pessoa comum, não quero o lugar de ninguém.
Não sou consumista, foco minhas necessidades de forma equilibrada.
Adoro amar as pessoas, e não gosto de julgar...
Será que alguém esta pensando que tenho a pretensão de ser perfeita.
Oh! não...
Com a dor que me dilacerou , então tive que renascer das cinzas...
Eu aprendi...
A não me importar com coisas que não posso conservar, só me importo com aquelas que levo comigo onde for.
Levo dentro do coração...
Sou livre...
Como uma borboleta...
                                        Maria da Graça
                                         27/11/2012



4 comentários:

  1. E assim, você descobriu o verdadeiro tesouro de nossas vidas: ser simples, humilde, se bastar, ter uma casinha que parece uma casa de boneca e ser FELIZ! Parabéns, minha linda!
    Aprendo MUITO com vc!
    Beijos carinhosos,
    Martha

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  2. Creio que o importante é a simplicidade,
    Sou e sempre gostei do que é simples.
    Beijos.

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  3. A arte de ser simples e verdadeiramente humano, é a mais difícil arte de se encontrar. Hoje a humanidade sofre as consequências do orgulho, da cobiça, da vaidade, do querer sempre mais do que se tem e do que se pode ter. Dessa forma caminhamos para uma geração cada vez mais obsecada pelo poder excessivo e esquecida das boas e velhas tradições de fundo de quintal como: subir em árvores, passear pela praça, tomar sorvete no domingo à tarde, andar de mãos dadas e jogar conversa fora,do beijo carinhoso sem segundos interesses,e melhor de tudo inocentes apenas prazerosos.Há como é bom ser simples e viver apenas pelo amor e para o amor, com o pouco e ao mesmo tempo muito e grandiosamente abençoado pelo Pai Celestial.
    Cintia

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  4. Já conhecia este texto e acho que ele é realmente verdadeiro. Reflete fielmente o nosso cotiadiano e tudo aquilo que nos cerca, ficamos cegos com o passar do tempo e sem opinião, seguindo apenas o que a maioria dita como regra.
    Isto é errado, temos é que procurar o que nos faz feliz de verdade, não há receita, cada um tem seu modo para esta percepção.
    Adorei....Bjs.

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"Dê a quem você ama: asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar." (Dalai Lama)