quinta-feira, 23 de agosto de 2012


 O Príncipe Encantado


Reporto-me aos sonhos de menina e lá esta presente o príncipe encantado que é um sonho comum a todas meninas casadouras ou não.

A idealização desse ser perfeito que vai realizar todos os sonhos e resolver todos os meus problemas...

Alguém que vai fazer tudo por mim, mas preciso perceber que se estas fantasias se realizarem estarei abdicando de mim e da minha luta para encontrar eu mesma os próprios caminhos.

Vamos crescendo e sempre o esperado príncipe presente nas fantasias...

Um dia  encontro alguém, o coração bate forte e as fantasias acalentadas obscurecem a razão.

Fico junto com esse alguém numa espera de soluções de todos estes problemas que me afligem mas nada acontece.

Tenho então que compeender que resolve-los é minha tarefa.

Com a convivência descubro que o príncipe esperado pisa no chão da Terra, tem medos, conflitos e defeitos como eu mesma.

Que procura caminhos e respostas como eu procuro.

Descubro também que ele não sonha com uma princesa, seus sonhos são diferentes dos meus.

Ele quer uma companheira amiga, compreensiva, cúmplice.

Este príncipe tão idealizado é racional é prático naquilo que espera de uma relação e só eventualmente pode acontecer ter momentos de romantismo.

Ele se decepciona menos na união porque suas expectativas são mais pé no chão.

Meu Deus o príncipe tão esperado é só um homem que usa botinas, quem sabe tênis, sapatos ou mesmo havaianas.

Quando abro mão das fantasias tenho a oportunidade de compreender que este príncipe é só um homem, mas pode ser um bom companheiro.

Só que não é dono da solução dos meus problemas, nem da minha felicidade.

Podemos ser felizes juntos e ter uma vida boa de parceria e lealdade...

Descobrir que o príncipe sonhado é só um homem é encantador.

Isto é amadurecer a relação e acontece quando a menininha que mora dentro de mim cedeu lugar para a mulher amadurecida e companheira...

A mulher que aprendeu a ouvir com serenidade antes  de fazer julgamentos, e que mesmo as coisas não sendo como gostaria compreende e respeita a si mesma e ao companheiro...

                                                                                   Maria da Graça
                                                                                     22/08/2012


Um comentário:

  1. É... de repente, o princípe encantado vira sapo, pelo simples fato de não precisarmos dele como imaginávamos, porque aprendemos que ninguém preenche nossos vazios... Nossas lacunas são responsabilidades, unicamente, nossas!! Depois de profundas metamorfoses, ficamos, a cada instante, mais diferentes... enxergamos o humano naquele que, por pouco, em nossa imaginação, ganhou asas... E quando??? E e em que espaço dentro dos tempos de nossa efêmera passagem por aqui poderíamos conviver com um ser alado, um ser contornado de impossível??? No labirinto da fantasia, passamos a fechar todas as portas da hipocrisia provinda de uma ilusão ocasionada por um ego inflado... encontramos uma janela aberta, atravessamos o espaço árido de nossas emoções, deparamos com o irremediável momento da descoberta de nós mesmas... saltamos para a realidade, passamos a buscar a realidade... passamos a compreender que príncipes são nada mais nada mesnos que seres reais e imperfeitos, que também estão na estrada da constante busca... por isso mesmo, surgem os desencontros: nem sempre esses príncipes buscarão o que buscamos... assim, vai chegando a vontade de se despedir e de deixar para trás, de uma vez por todas, a sensação falsa de eterna dependência. Crescemos!!! O laço de fita verde no cabelo, pouco a pouco, se desenrola, é levado pelo vento do tempo, espeta-se em algum galho seco da vereda do passado e por lá ficará... é o seu lugar! A menina é guardada na caixinha do coração... a mulher, no presente, seguirá a procura de um amor recheado de cuidado, sintonia, verdade... um amor real que até pode ser perpassado por fantasias, porém fantasias nascidas de um compatilhamento de liberdades reais... um amor envolto por amizade, despojado de orgulho e de egoísmos... um amor envolto por lealdade, despojado de prepotências e de puerilidades passionais... um amor, que por ser verdadeiramente amor, só constrói, cresce junto, divide junto, compreende junto, é ofertado e recebido espontaneamente junto, escolhe o dueto em detrimento do monólogo, despede-se das dúvidas e aconchega-se na certeza... sem complicações, sem enredos absurdos, sem dramas encenados, sem impossibilidades, sem desnecessárias disputas, sem frias vinganças... um amor simplicidade e, por isso mesmo, original! Um dia o futuro chega... ele depende desse presente! Hoje, mais que nunca, sei disso! Hoje, também mais que nunca, compreendo todas as minhas escolhas... príncipes só existem nos castelos da nossa infância e quiçá nos sonhos de uma juventude desprovida de malícia...

    Faço das palavras de Adélia Prado as minhas: "Eu quero um amor feinho..."


    "Amor feinho tudo que não fala, faz.
    Planta beijo de três cores ao redor da casa
    e saudade roxa e branca,
    da comum e da dobrada.
    Amor feinho é bom porque não fica velho.
    Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
    eu sou homem você é mulher.
    Amor feinho não tem ilusão,
    o que ele tem é esperança:
    eu quero amor feinho." (Adélia Prado)


    Maria, essa sua reflexão muito me fez pensar... fiquei com vontade de escrever... Aliás, as palavras, ultimamente, têm desatado dentro de mim.Você sempre me faz pensar naquilo que, de fato, é importante e saudável se pensar. Lembra-se quando, um dia, perguntou-me se eu queria amar ou ter razão? Então... desde aqueles tempos, venho pensando muito, despindo-me de ilusões desnecessárias... agora, creio que irei, de verdade, trilhar o caminho das novas descobertas, das novas possibilidades... obrigada por sempre me ajudar a despertar!!! Não me cansarei de lhe agradecer!!!

    Que seu fim de semana seja iluminado!!
    Fique com Deus...
    Beijinhos,
    Ana

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"Dê a quem você ama: asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar." (Dalai Lama)